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Notícias RTM

Os desafios da maternidade e da pandemia

Por Convidado(a)

04/03/2021, às 10h00 | Conteúdo atualizado em 05/03/2021, às 09h40

Sempre ouvimos falar das alegrias da maternidade, da chegada de um bebê no lar, da família mais unida tendo um serzinho todo cheio de sorrisos para dar e um mundo inteiro para conhecer. Porém, poucas vezes falamos abertamente e com tranquilidade daquela outra parte, aquela difícil, com que ainda não sabemos lidar, que envolve nossa rotina totalmente alterada, nossa liberdade limitada, nosso sono quebrado, nosso convívio social reduzido, nossa presença no trabalho interrompida. E com isso, licença-maternidade e a vida de qualquer ser humano na pandemia têm muito mais em comum do que pode aparentar. Nas duas situações, aquilo que sabemos fazer e que fazemos com domínio para bruscamente. E precisamos aceitar e aprender a viver de um jeito que ainda não conhecemos.

 

Na minha primeira licença-maternidade tive de lidar com a verdade de que não sou o que faço. Isso mexeu comigo. Não foi sem choro, e muita oração comecei a pedir para me ver como Deus já me via: como sua filha amada. Condição que não se altera se eu trabalho ou não, se tenho saúde ou não, se faço muitas ou poucas coisas, se sou admirada ou não. Eu sou filha dele e essa é minha real identidade.

 

“Somos realmente as pessoas que Deus fez em seu infinito amor” – Henri Nouwen.

 

Essa é uma realidade perene, que não se altera diante de realidades transitórias que chegam, como: por um tempo não ser mais uma profissional em serviço, para se dedicar ao filho. Ou, na pandemia: a perda de emprego, a perda de um cônjuge, a perda de amigos ou o distanciamento daqueles que amamos; enfim, a perda de algo importante que nos dava uma percepção de quem somos. A parte benéfica no meio dessa dor é descobrir algo que sempre esteve aqui: nossa fragilidade humana e o convite de Deus para fazermos dele nossa morada, um porto seguro e o melhor amigo.

 

O que Deus tem te falado nesse tempo? Na minha primeira parada brusca, seis meses em casa com a chegada da Paolla, ele me dizia que uma coisa só é necessária: assentar-se aos seus pés atenta, como Maria, que escolheu a parte que não lhe será tirada. 

 

Ter aprendido isso fez com que essa segunda gestação e licença-maternidade bem na pandemia fosse recebida com mais expectativa. Havia mais de Deus para conhecer. Que possamos tirar o melhor dos tempos obrigatórios em casa, seja porque você tem um bebê para cuidar, seja porque há um vírus lá fora que coloca nossa saúde em risco. Tirar um bom proveito das situações que nos abalam e expõem nossa fragilidade é perceber que há um Deus que nos ama em qualquer circunstância. Alguém com quem podemos preparar um café e conversar contando do nosso dia, mesmo que os dias estejam tão parecidos, já que são todos vividos dentro de casa. Mas é certo que com Cristo cada dia terá algo de novo e bonito, pois é a presença dele que dá sentido e sabor à nossa vida.

 

Por Renata Burjato – locutora e apresentadora da Rádio Trans Mundial

 

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