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Cancelamento x Evangelho na era digital

Por Lucas Meloni

25/02/2021, às 17h06 | Conteúdo atualizado em 25/02/2021, às 17h22

Na era digital, a pluralidade tem sido uma das grandes marcas da comunicação. Nunca se teve tanta gente falando e sendo ouvida como agora. O irônico é que esta tem sido também uma época em que muitas pessoas são “caladas” pelo simples fato de dizerem ou representarem algo que confronte alguma ideia que algum grupo tenha. Se para a igreja, a cultura do cancelamento é algo que representa muitos riscos, imagine os desafios que os pastores têm pela frente para cumprir o chamado de levar uma mensagem que questiona duramente comportamentos que contradizem a Bíblia.

 

Em reportagem recente, a Rádio Trans Mundial mostrou que 79% de internautas em redes sociais afirmam ser contra o “cancelamento” de alguém. Os dados, disponíveis em um levantamento feito por uma agência brasileira, mostram, contudo, que em alguns contextos, o fenômeno é tido como “aceitável”. 

 

Diante de um cenário cada vez mais intolerante, como ficam os pastores com o seu chamado de ensinar e exortar? O pastor Paulo Alves, da Igreja Batista Fonte, de Nova Lima (MG), que acompanha o fenômeno da cultura do cancelamento há algum tempo, ressalta que a maior preocupação de quem exerce o ministério pastoral não deve ser a opinião dos outros, mas uma vida centralizada em uma relação saudável com Deus.

 

“O pastor tem um compromisso, antes de tudo, com Cristo e com a Igreja do Senhor. E ele tem esse chamado de pregar o Evangelho, algo que não é palatável para o meio secular. O Evangelho traz um certo estranhamento aos ouvidos daqueles que não querem ser confrontados. O maior desafio que vejo é agradar a Deus e honrar este compromisso”, destacou.

 

Fora do ar

O professor Luiz Sayão, apresentador dos programas “Rota 66”, “Conversando com Luiz Sayão” e “180 Graus”, da RTM, enfrentou uma situação inusitada. O verbete (página com informações) sobre ele em uma enciclopédia virtual colaborativa foi apagado de forma repentina. A medida gerou repercussão nas redes sociais.

 

“Recentemente passei por algo difícil porque alguém fez, há 20 anos, um verbete a meu respeito e foi dito ali que o artigo poderia ser deletado, o que acabou acontecendo, apesar de muita gente dizer que aquelas informações eram verdadeiras. Acho que a maneira de lidar com a coisa foi inadequada se comparada a outros verbetes. Tenho a impressão de que pelo fato de ser um cristão, de ter trabalhado na tradução de Bíblias e na proclamação do Evangelho são elementos que podem ter contribuído para uma ação mais hostil”, acrescentou.

 

Redes sociais: inimigas ou parceiras?

Para Alves, as redes sociais podem ser ferramentas úteis à igreja se observarmos a internet como um grande campo missionário. “Tudo o que nós temos de ferramenta pode ser usado com sabedoria, com prudência e com equilíbrio para a glória de Deus. Não enxergo as redes sociais como um inimigo da igreja. Da mesma forma, ela também não é uma salvação a ninguém. Elas são uma ferramenta. E a gente precisa saber usar essas ferramentas para o crescimento do povo de Deus, para expansão do Evangelho e para edificação do corpo de Cristo”, disse em entrevista à RTM.

 

O que diz a Bíblia?

 

À luz da Bíblia, é possível compreender que o Evangelho, ao confrontar pecados, geraria perseguições, como destaca Alves. “A Bíblia revela a nós lá no final do Sermão do Monte, o Senhor Jesus diz: ‘bem-aventurados são vocês quando por minha causa os insultarem, os perseguirem, mentirem dizendo todo mal contra vocês. Alegrem-se e exultem porque é grande a sua recompensa no céu, pois assim perseguiram os profetas que viveram antes de vocês’. Já está declarado que nós seremos perseguidos. Já está declarado que seremos cancelados. A vida do cristão que não abre mão do Evangelho é a vida de quem não vai ser aceito. É até uma palavra de incentivo à Igreja do Senhor. Se sofremos todas essas consequências, qual deve ser a nossa reação? Devemos nos alegrar. Quem prega o Evangelho, uma hora ou outra vai ser cancelado”, finalizou.

 

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