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Confira a entrevista de Gerson Borges para a Revista Trans Mundial

Por Lucas Meloni

03/03/2023, às 11h10 | Conteúdo atualizado em 03/03/2023, às 11h17

Ser brasileiro e evangélico é desafiador. Ainda mais no atual contexto que a igreja está envolvida em discussões e, infelizmente, divisões. A pergunta que fica para quem deseja ser seguidor ativo e propagador do Evangelho é de como ser um cristão brasileiro relevante.


Para responder a essas e outras perguntas, a Rádio Trans Mundial convidou o compositor, músico e autor do livro "Ser Evangélico sem deixar de ser brasileiro", publicado pela Editora Ultimato, Gerson Borges. Confira a seguir os principais trechos:

 

RTM – Gerson, explique qual a principal característica da igreja brasileira. Na sua visão, é uma característica positiva ou negativa? Por quê?
Gerson – Muito influenciada pela cultura americana (mega church, marketing, uso da mídia, consumismo religioso). Falta melhor formação teológica da sua liderança, talvez, ou algo pior: um descomprometimento crescente com a Palavra de Deus. A igreja tende a ser mais e mais um negócio religioso, “dança ao redor do bezerro de ouro”, para citar Êxodo 32. Mas há muita coisa boa também, é claro.

 

Pelas suas andanças pelo Brasil, o que de mais marcante você já viu / viveu com relação à igreja? Por que foi marcante?
Eu fui muito influenciado pelo movimento missionário. Igrejas de todas as denominações que abraçaram o chamado missionário/missional são igrejas vivas, evangelizadoras, discipuladoras, e engajadas em ação social, no cuidado “do órfão e da viúva”, para citar a expressão de Tiago.

 

Criatividade e tradição podem andar juntas no âmbito da igreja? Como ser criativo sem afrontar os mais tradicionais?
Não só podem como devem! Por exemplo, em termos litúrgicos, de como louvamos e adoramos a Deus - o uso dos hinos tradicionais, com arranjos novos, por exemplo, é algo muito rico porque são teologicamente muito melhores dos que os cânticos do worship, como a moçada chama o movimento de louvor e adoração americano, australiano… e o uso da rica música popular brasileira - uma das mais belas do mundo todo!

 

Resuma em um parágrafo como é ser evangélico sem deixar de ser brasileiro…
Como disse na resposta anterior, redimindo nossa cultura naquilo que não fere a Palavra de Deus. Não temos problema com a culinária brasileira, mas com os ritmos brasileiros. Isso é muito curioso para mim…o que chamamos de hinos tradicionais, em grande escala é música popular americana e europeia dos séculos XVI em diante, com letras evangélicas!

 

Na sua avaliação, quais os desafios que a igreja tem diante do contexto cultural tão diversificado e de mudanças tão rápidas?
Eu diria que o principal é fazer distinção entre contextualização e sincretismo. São coisas distintas. Jesus era judeu, mas denunciou os erros do judaísmo farisaico, por exemplo.

 

Quais os riscos de se permitir uma "estrangeirização" em nossas comunidades de fé?
O empobrecimento das nossas expressões de culto. A essência do cristianismo não se perde se fizermos uma contextualização cultural bíblica e cuidadosa, por exemplo.

 

O que você tem lido e ouvido de conteúdo cristão brasileiro?
Prefiro os clássicos. Não é um esnobismo não, longe disso. Eu creio que ler os clássicos da teologia cristã, por exemplo, é muito mais enriquecedor do que a maioria dos autores contemporâneos, brasileiros ou não. Como lemos em Eclesiastes, “não há nada de novo debaixo do sol”.

 

Entrevista originalmente publicada sob o título "A Igreja brasileira e o Evangelho", na Revista Trans Mundial nº 12. Leia grátis aqui

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